Mestre Fida
Reconhecido como um grande representante da arte popular brasileira contemporânea, Valfrido de Oliveira Cezar, ou Mestre Fida, nasceu em 1957, em um dos sítios que compõem a comunidade Quilombola do Timbó, localizada no Município de Garanhuns, agreste de Pernambuco.
Em suas criações, utiliza a madeira Amarelo, típica de Garanhuns, também conhecida por Amarelão, Amarelinho, Amarelo-Cetim, Cetim, Limãorana, Muiratana, Pau-Cetim, Piquiá-Cetim. O trabalho é único e a madeira também: "Não tem ninguém que trabalha com ela, não. Só existe na região", diz o artista. E a madeira é aquela reaproveitada de galhos mortos das encostas da mata, nunca verdes.
Mestre Fida - artista por acaso, como se descreve, e autodidata por vocação - utiliza apenas três instrumentos para esculpir suas peças: serrote, escopo e facão. E das memórias da infância, fez surgir sua primeira criação, que é o Homem Cata-Vento, uma escultura articulada com braços grandes e pás sensíveis à ação do vento.
Inicialmente sem rostos, suas obras foram ganhando corpo e feições - sublinhadas pelo nariz, inspirado em seu próprio. Os traços marcados e bem definidos se transferiram para os icônicos ex-votos, que apesar de lembrarem os misteriosos monumentos da Ilha de Páscoa, não foram inspirados neles, já que o artista não os conhecia ou sequer tinha ouvido falar.
Antes de se dedicar à arte, trabalhava em período integral na barragem de Inhumas. E apenas após conhecer e conviver com o artista plástico Wagner Porto, passou a criar e a vender suas peças em Olinda, através do próprio amigo. E mais tarde, a produção tomou corpo e Mestre Fida já vendia sozinho seu trabalho.
O encontro com Janete Costa, que acreditava na arquitetura como forma de promover uma transformação sociocultural e exaltava o artesanato brasileiro junto a movimentos culturais como o art noveau e o art déco, ampliou seus horizontes e o auxiliou a desenvolver seu trabalho, trazendo reconhecimento e destaque.
Mestre Fida faz parte da Alameda dos Mestres desde a primeira edição da Fenearte em 1999, a maior feira de artesanato da América Latina, e suas obras já fizeram parte de diversas exposições pelo Brasil, além de serem exportadas para todo o mundo.