Origem:
A comunidade artesã de Maragogipinho, no recôncavo baiano, é guardiã da tradição de mais de 300 anos produzindo artefatos em cerâmica, utilitários e decorativos, feitos com a inspiração e dedicação de oleiros e pintoras, através de técnicas passadas de geração a geração.
Mais de 80% da população, de pouco mais de 3.000 habitantes, ocupa-se primordialmente do ofício de oleiro, que é a principal fonte de renda. Às margens do Rio Jaguaripe, espalham-se dezenas de olarias, configurando o maior centro cerâmico da América Latina.
É neste cenário que surge a Associação de Auxílio Mútuo dos Oleiros de Maragogipinho (AAMOM), instituída em 1988, para fortalecer o trabalho individual, o ofício ancestral e o potencial cultural da região.
Criação das peças:
As olarias de Maragogipinho possuem uma estrutura muito particular, que remete à herança ameríndia. As paredes são madeiras em estado bruto alinhadas com espaço entre elas, cobertas com palha de piaçava. O telhado é fechado com telhas de barro ou amianto, sendo o segundo mais raro. E dos vãos entre cada estaca circula ar, que auxilia na secagem das peças, além da iluminação natural.
O barro utilizado é coletado em jazidas da região. A escolha da técnica de modelagem depende do tipo de peça a ser produzida, podendo ser realizada à mão, com uso do torno, ou moldagem (utilização de formas previamente moldadas). Tais técnicas registram o contato e troca entre povos indígenas, escravos e portugueses.
Enquanto o processo de extração da matéria prima, tratamento, modelagem e queima são atribuídos aos homens, o acabamento das peças é tarefa feminina.
A peça pronta é posta para secar ao sol, para que se possa dar início ao processo de acabamento e ornamentação. Usa-se na pintura a tinta esmalte ou o tauá e a tabatinga, pigmentos de tipo mineral. O uso de tais pigmentos é reconhecido em técnicas ameríndias ancestrais, porém os desenhos registram a antiga tradição de flores e hachurado deixados pelos colonizadores açorianos. Para dar brilho e deixar a peça mais resistente, antes da queima é realizado o processo de brunimento com auxílio de uma pedra lisa e circular.
* Demais peças, quando exibidas nas fotos, estão apenas como sugestão de composição, e não acompanham o produto em destaque.